segunda-feira, 21 de março de 2011

Para os íntimos: Tudo bem?

Perguntar ou não? Eis a questão. Cumprimentar alguém com um “oi, tudo bem?” por mera educação ou, simplesmente,  por ter se tornado habitual, pode nos colocar numa tremenda saia justa  

Oi, tudo bem? Você já parou para pensar, o porquê das pessoas saudarem umas às outras com um “Oi, tudo bem?” Penso o seguinte: 99% das pessoas, na sua mais profunda franqueza, que saudam as demais com "oi, tudo bem”, definitivamente, não estão nem um pouco interessadas em saber se elas estão com dor de dente, com problemas financeiros, ou se acabaram de ser demitidas. Sejam tais pessoas colegas, amigos, parentes ou, simplesmente, pessoas com quem não temos a mínima simpatia e somos, praticamente, intimados pelo destino a conviver. Proximidades à parte, lá vai uma dica: tome cuidado com o “tudo bem”. Simples e inofensivo, ele pode colocá-lo numa enrascada. E bote enrascada nisso. Vai que num desses “tudo bem” da vida, alguém responde um NÃO, com letras garrafais. Você pode se deparar com uma situação pra lá de desconfortável. Depois de um NÃO, será, no mínimo, deselegante e mal educado da sua parte não perguntar, de imediato, “o que aconteceu?”. Aí, o bicho pega. Espero, sinceramente que, no dia, hora, momento ou circunstância que alguém diga um “não” ao seu “tudo bem”, você esteja muito sereno e sem compromissos importantes no dia. Até porque, muito provavelmente, você terá que improvisar um divã e abrir os ouvidos e o coração (que brega) ao seu pseudo amigo problemático.
Na segunda situação, o “tudo bem” continua como protagonista. Na ocasião, eu, Marina, ligo para uma jornalista colega, que converso, profissionalmente, há alguns anos. Vamos lá:
Marina: - Alô, Joana, é a Marina, da Etcetera Comunicação, tudo bem?
Joana: - Oi, Marina, tudo bem. (ponto final).
Na situação acima, fica explícito que Joana não nutre simpatia por Marina, ou seja, ela não gosta de mim. Ah, estou arrasada. Sinto-me totalmente desanimada, pensando no que posso ter feito à Joana para que ela não tenha interesse em saber se estou bem. Por que ela não gosta de mim? Mais uma vez, chego à conclusão de que não deveria ter pronunciado o danado, traiçoeiro e inevitável “tudo bem”.
Mais uma vez, estou ao telefone e o “tudo bem” entra em cena, como ator principal. Desta vez, Joana do SBT (mudei a emissora para que não pareça que estou fazendo propaganda para TV Brasília e muito menos para o Paulo Octávio), uma jornalista que não tenho muito contato, me liga (lembre-se, sou a Marina da Etcetera Comunicação):
Marina: - Alõ?
Joana: - Oi, Marina, é Joana do SBT, tudo bem?
Marina: - Oi, Joana, tudo...(quando sou interrompida novamente por Joana)
Joana: Tudo também (sem que eu a tenha perguntado).
 Nesta última ligação, Joana me liga, pergunta se eu estou bem e, sem que eu pergunte se está bem, a jornalista do SBT já responde “tudo também”. Acho que a Joana está bem acostumada a conversar, ao telefone, com pessoas educadas e que sempre perguntam como ela está. Como jornalista, posso afirmar: é a correria de produção de TV. A vida de Joana é uma loucura tão grande que, quase roboticamente, a leva a se antecipar e dizer “tudo bem”. Mesmo que eu não a tenha perguntado. Nessa pressa toda, ela economizou dois segundos e, ainda, se auto prestigiou. Isso que é amor próprio. Qualquer dias desses vou ligar para a Joana e pedir umas dicas de como elevar a auto estima.
Na verdade, o ‘tudo bem’ tornou-se uma saudação, como um “Oi”. Que tal fazermos um exercício diário e limitarmos o nosso “tudo bem”aos amigos próximos, pai, mãe, irmão, namorado, avô e cachorro (que more na sua casa) ?  Ah, enfermos e doentes terminais também merecem atenção especial. Nestes últimos casos, o “tudo bem” poupará a dor na consciência, mesmo sabendo que escutaremos o temido “NÃO”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário