Está ruim? Pode piorar...
Parte I
Tem dias que nada dá certo. O universo parece conspirar contra nós. O mundo nos testa a cada minuto. Assim foi o meu dia 7 de abril. Achei tão curioso que decidi compartilhar. Ah, não esqueçam “Marina conta contos e aumenta pontos”.
Dia 7 de abril. Uma quinta-feira daquelas. Sabe aquele dia que tudo dá errado? Pois é, foi o dia 7. Parece que o mundo “ficou de mal” comigo. Briguei com a melhor amiga, com a empregada, com o namorado, com o papagaio, com o periquito. Acordei cedíssimo (o que é um grande sacrifício para mim), deixei a Sol na escola e fui à Câmara dos Deputados, linda, perfumada e com um mega salto (“apertadérrimo”), apresentar o meu portifólio a um deputado. É, para variar, ele não estava. Doce ilusão. Achei que fosse fácil encontrar os deputados em seus gabinetes. Me frustrei. Mas pensei otimista: não vou perder a oportunidade. Já que estou aqui. A Denise, minha amiga e sócia participou dessa saga comigo. Tudo pelo sucesso da Etcetera Comunicação. Resolvemos aproveitar a oportunidade para conhecer melhor a sede do Legislativo do nosso país. Neste meio tempo, nos perdemos umas 300 vezes. Quando achava que estava no Senado, estava na Câmara, quando achava que estava na Câmara, via escrito nas plaquinhas “Senado Federal, Senado Federal”. E como o meu pé doía. Nossa Senhora. Já era meio-dia, e ali estava eu: exausta, mal humorada e com duas megas bolhas – uma em cada pé. E sabe o pior de tudo? Juro, se eu voltar amanhã no Congresso, não saberei, onde fica o plenário da Câmara. As comissões e a biblioteca, nem se fala.
Pausa para o almoço. Nós tínhamos saído no carro da Denise. Minha sócia me levou até o meu carro e... cadê minha chave? Ixi, perdi. Que legal, né?! Ficou na papelaria, desde às 8 da manhã. Vamos lá, então. Peguei a chave, por sorte, e fui para casa. Ah, detalhe importante. Minha irmã esqueceu de pegar minha neném de dois anos na escola. E agora? Corre para escola. Ai meu pé, gente. As bolhas queimavam tanto. Ai, que angústia. Minha baby deveria estar chorando. Tadinha, quase 1 da tarde e ela na escola, desolada, sozinha (eu nem sou exagerada). Isso tudo acontece, logo na mesma manhã, que um louco invade uma escola em Realengo, no RJ, e mata 12. Fiquei me sentindo a pior mãe do mundo.
Parte II
Eram 14h. Para mim o dia já poderia ter acabado naquela hora. Só minha filhinha para me dar fôlego para fechar o dia no Mc Donalds. Mesmo de dieta.
Voltei para o trabalho. Correria intensa. No final da tarde, fui para casa, pois às quintas só tenho babá até ás 17h. Assim que encontrei a Sol, ela pegou um papel do Giraffas - que estava jogado no chão do Correio lá de casa - e não mais o largou, dizendo: “batata, batata”. Cumpri com alguns compromissos de trabalho, enquanto a Sol persistia: “batata, mamãe, batata”. Mesmo de dieta e muito cansada, resolvi ir ao Mc Donalds, razão que me levou a escrever essa crônica. Afinal, o que nós não fazemos pelos filhos. Na lanchonete, achei tão curioso como as crianças mandam nos pais. A gente acha que está no comando. Mas, no fundo, no fundo, elas que mandam na jogada. Fomos para área externa do Mc Donalds - para o nosso desespero. Vou explicar o porquê do” nosso”. Para Sol, porque nessa bendita área externa, tinha um brinquedo para crianças que devem ter no mínimo quatro anos, ou seja, a Sol não podia brincar. Ela só podia comer batata e olhar, quase hipnotizada para o brinquedo, sem, ao menos, poder tocá-lo - enquando várias crianças corriam radiantes, felissíssimas com a diversão. Para o meu desespero, porque a pequena deve ter pedido mais de 15 vezes para entrar no escorregador em formato de túnel. Ai que canseira. Estava exausta. Cada vez que eu explicava, que ela não podia ir, era como se , subitamente, ela sofresse uma crise de amnésia e, um minuto depois, perguntava novamente: “Mamãe, quero ir no brinquedo”. Nossa, gente, haja paciência, meu Pai. Só com muito amor.
Enquanto a Sol, fingia comer a batata, eu observava as crianças, ao meu redor. Era cada diabinho, que Deus me livre. Tinham várias categorias de Dênis, o Pimentinha. Percebi, que após lancharem na área interna, as mães saiam com os filhos e diziam: “Você só vai brincar um pouquinho, filho”. Tadinhas. Também depois de comer uma promoção do Big Mac e um sundae de chocolate, como não querer casa e cama? Ô, ilusão. Só depois de uns 40 minutos, eles iam embora. Em intervalos, de 10 em 10 minutos, as mães reclamavam: “Vamos embora, filho. Mamãe ta cansada”. E os filhos diziam, correndo como loucos:” Já vai, mãe. Já vai.” Ali estava eu, depois de um dia de cão, analisando a postura das mães no Mc Donalds.
Detalhe: a Sol estragou toda a batata. E para confirmar que toda mãe é igual, mesmo sem comer, ela ganhou o brinquedo do Mc Lanche Feliz. No caixa, antes de comprar o lanche, pude observar as mães falando: “Só vai ganhar o brinquedo se comer tudo”. No final das contas, lá estava a criança, com o brinquedo na mão e a comida indo para lixeira. Eita vida de mãe. É padecer no paraíso. Amo meus filhos. O Mc Donalds salvou meu dia. Ser mãe é uma dádiva. É como já dizem por aí: mãe é tudo igual. Só muda o endereço.



